quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Lua alcoólica

"Que lua cheia... de poesia e álcool
De bate-papo e samba
Do teu olhar inundando a sala

Cheiro de poesia
Cheiro de lua cheia... de olhar
De estar... de ser e ficar
Na lua cheia de você!"

Mensagem ao poeta

"O belo do poeta é embebedar-se de suas lembranças e imaginações, criando um mundo paralelo ao real e que passa por um processo de irracionalidade promíscua onde muitos identificam sua loucura mais profunda."

XVII

"Trocando poeira cósmica
tenho Artaud dançando luzes
um homem estranhamentre quadrado
e um pobre garoto que acha:

'Só as drogas fazem,
de alguém, um alguém
realmente roqueiro!'

Vive no chiqueiro da alma
Oh pobre minino drogas
Artaud enxerga nele
o pedaço mais deplorável do humano

O homem quadrado
é um irmão gêmeo
do garoto drogas
e é também uma metamorfose infinita

Infinito espaço no chiqueiro
Drogas da dança do quadrado
Garoto Artaud viaja nos cosmos
E o homem pobre poeira."

Qualquer coisa menos um Haicai

"Um doce mar
Sobressalta
Esse refúgio perene

Pulando sobre
Muralhas de ilusão
Dança no chão fervente

De novo nessa luz
De estação luz de dia
Perdida, inundada, fria."

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Quase um conto da folha

"Prata e metal
Pedra sobre pedra
Não restará sequer
um suspiro de rancor
A agonia que me consumiu
agora não deixa nenhum
vestígio sequer
na leveza que sinto

Corpo leve
Mente sã
E a boca limpa
perfumada e bem cuidada
à espera do próximo calor de estação

O amor nada mais é
que uma folha que cai
do topo da árvore mais alta
Demora... demora
mas um dia cai

Mas se um vento vier, ela volta a alçar vôo e subir talvez mais alto do que já chegou.
Esse é o ciclo da eternidade.

Cai novamente

Mas seu ápice jamais será esquecido e o amor pode só sobrar a lembrança.

Mas se só lembrar o amor
A folha mesmo caída se transformará

E transformada uma nova vez, volta a ser folha prestes a se desprender do galho e pronta para um novo vôo livre ao vento."

XVI

"Sai daqui cheiro que me conduz
Me denota e me esfola o ventre
castigado em dor e mágoas

Sai de mim coisa medusa
Difusa de rancor e ilusão
que me arrasta, me destraça

Sai dessa forma
saudade que me agonia
na bomba vazia do abraço

Sai do chão
e não repreende de novo
minha alegria de viver

Coisa medonha do meu ser
Aniquiladora de sobrevivências
Presa no pesar."

XV

"Na floresta cultura
Contra cultura
No teor alcoólico
Da agonia em chamas
Da chama no frio
Da brasa no vento
No vento que esbarra na ruina
e rebate os tupiniquins
dos arranha céus
longe da vida verde do sol
Quentura mormacenta
com fedor de chorume
e galinha morta no telhado

O poeta me diz
que a lua é feita
de rochas e violetas azuis,
esbanjando charme
e luzes quentes."