domingo, 6 de janeiro de 2013

Morte de Infância

"Chovia, ventava.
Fazia o que eu queria.
Dormia, chorava.
Acordava pro outro dia.

Cheirava sugava, morria.
Vivia suportando tua
arrogância sem relinchar.
Brincava de ser feliz
                          [e ria.

Fedia a pura hipocrisia.
Cantava o novo amanhã.
Sussurrava as noites entediantes.
Compartilhava com meu duplo a dor.

Cantarolava, sorria.
A morte me esperou
como uma velha amiga
de infernos cotidianos
                            DESDE
                    A
                                     AICNÂFNI"

siaM amU zeV

"Fantasiada minhoca mole
Moleza juvenil encarnada
no seio da mãe preta
Janela entreaberta
Cachorros sangrentos
Sangues amarelados
Escarnio de pensamentos híbridos
Cidade lenta, atrasada
Apenas brasileira é o que restou
Sobrou a vergonha
Lixos espalhados
pelos dentes de leopardos azuis
Uma loja de brinquedos falida
A música da bailarina não para,
não para de tocar
Lucidez mórbida
Loucura lúcida
Realidade indigesta
Sonhos inalcansáveis
Prateleiras vazias de amor
O coração late forte
e espanta os gatos
Os gatos gostam dos gatos
e não gostam das gatas
O amor perdeu-se
Me perdi com ele
                    M
                    A
                      I
                      S

                  UMA

                      ZEV"

Costa Rica I

"Encendeio o mar
e as rosas violetas
tingem minha boca de dor.

E a dor tem um sabor amargo,
escandalizado e vendido,
à preço de banana, nas feiras.

Jesus me ouviu dizer
que amava alguém.
Jesus me amava.

Jesus não é o cristo,
é apenas outro Jesus
esquecido no baú do meu céu.

Um amor para recordar...
Histórias romanticamente amarga.
Amarga porque é dor.

Perdi meu foco.
A lente se quebrou.
Não posso comprar outra.

Crescimento da ilusão
ao lado das baratas
subindo e aterrorizando as janelas.

Até as baratas se foram,
as janelas se fecharam
e só sobrou a escandalosa da dor."